quinta-feira, 9 de junho de 2011

ENTRE O VERÃO E O INVERNO

Uma conversa jogada ao vento no outono de 2011

Dueto: Teresa Cordioli & Adria Norma Riedo

Teresa e eu: rimos das alegrias e das tristezas!

Hoje, Sumaré mudou de lugar e de cor...
O vento a levou para mais longe
tingindo-a de vermelho-poeira.
Em seguida, fez um teste
para ver se tinha ficado fluorescente...
Apagou-se as luzes por horas...
E nada brilhou...
Sem brilho, todos resolveram se aquecer.
Encerrando expedientes
ou no acolhimento dos lares,
pessoas discorriam com seus semelhantes
que clima era aquele que se apresentava,
repentino,
em pleno outono tropical...
Era a visão do bem ou do mal?
Sensação de aconchego maternal...
Estranho, eu digo, em uma pequena viagem...
Tenebroso!...
Até o carro balançava na pista.
Tamanha ventania...
Não se enxergava direito
de tanta poeira no ar...
No céu, um vermelhidão,
nuvens de poeira...
De ranger os dentes
e causar tijolinho no nariz...
Tijolinho no nariz
ao sorriso de aprendiz!
Aprendiz da vida,
do belo,
do que quero,
do tempo,
do vento,
da chuva que não faz curva,
do céu divino
mesmo quando sinistro,
do nada
que se torna tudo,
do tudo
que torna mundo!
Mundo escuro,
estranho,
onde nada
se tornou tudo
e o tudo
amedrontou...
Estendendo o apagar das luzes...
E na escuridão do dia,
tijolos trancavam as lágrimas que,
tímidas,
insistiam correr pela face...
Mas, na escola da vida,
tudo se aprende.
Aprende-se até
que um temporal,
de repente,
faz parte do outono presente...
Outono presente ou
inverno futuro?
E ainda por vir primavera e verão...
As estações se embaralham
e transtornam
seres vivos que delas dependem.
E o homem?
O maior causador
dessa tamanha confusão...
Imperdoável desatenção!
A tarde virou noite.
A noite se tornou breu.
O breu trouxe o frio.
O frio gerou calafrio...
O sol já bate à porta,
e levará,
para longe,
o escuro da noite.
Surgirá a luz
como dona do dia...
E novo brilho se dará às flores,
como se fosse primavera,
abrirá portas aos sabiás e beija-flores...
Que trarão consigo
borboletas coloridas
que nasceram na última estação.
O vento forte
nada mais é
do que a despedida do outono,
que chora
como chorou o Fenômeno...
E nós,
de pé,
aplaudimos,
em agradecimento à natureza que nos dá frutos,
como alegrias de quem hoje se despediu sem vaidades...
Sem, na verdade,
se despedir,
sem partir...
Como quem se despede
e cumprimenta aos seus
dizendo que nunca irá...
Afinal,
o ir pode ser o vir.
E o vir é bem-vindo,
é querido,
é amado,
é acolhido!
Quem se despede e diz que nunca irá
é porque ainda tem amor de sobra para doar...
Quando abraça o amigo,
se despedindo,
e ouve uma voz amiga dizendo:
- Seja bem-vindo!
... Entende-se:
- Convite para ficar!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Redescobrir, reinventar, renascer

 
Adria Norma Riedo

Encontro-me num período de redescoberta. Isso mesmo: redescoberta de mim mesma. De entender meu conteúdo, de compreender, de interpretar o que se passa aqui dentro.

Não é crise de meia idade, haja vista que não sei se minha vida apenas começou, se está na metade ou no fim. No fim, acredito que não, porque tenho tanto a aprender, tanto a descobrir, tanto a ensinar, tanto a contribuir, tanto a atingir, tanto a cumprir. E não sou de pensar e de, muito menos, esperar esse tipo de “fim”.

É um momento que se assemelha a uma depressão, mas não é!

Considero uma fase de introspecção, onde necessito me reencontrar – dentre tantas outras que já aconteceram em etapas diferentes desta jornada – para angariar forças. É uma reinvenção.

Reinvenção fundamental para novas trilhas e novas conquistas.

Conquistas primordiais para que a vida receba aquela recarga interior, onde tudo o que eu fizer de bom, de produtivo, resplandeça a mim e aos que me cercam, aqui se estabelecendo definitivamente.

Recarga de fé e de amor próprio.

Amor necessário para que tudo tenha um viço, um porque, uma causa positiva e consequências melhores ainda.

Tenho plena consciência de que para que tudo mude, eu tenho que mudar. Essa mudança começa aqui, comigo, totalmente internalizada. E é onde pega! Como mudar, na prática, se a grande maioria se beneficia com você da forma que é? E eis a outra pergunta que não quer calar: a grande maioria tem se favorecido, e você, ou seja, e eu?

Nesta passagem, precisamos do dinheiro para viver e sobreviver, para cumprir com nossos compromissos, para ter uma vida digna. Aqui, nada é de graça. Necessitamos de inteligência e bom senso para definir escolhas, superar obstáculos, assumir erros, comemorar vitórias. Mas como ter tudo isso de forma honesta, com vergonha na cara, com o devido reconhecimento, sem tirar nada de ninguém e sem implorar o que lhe é devido?

Por toda a minha existência, fui educada de forma a acreditar – e continuo acreditando – que o conhecimento angariado no decorrer da caminhada é seu maior tesouro, que é um bem que ninguém lhe tira. Também ouço frequentemente, modéstia à parte, que não conheço ou não aproveito o “poder” que tenho. Se uma pessoa lhe diz isso, é duvidoso... Entretanto, a sabedoria diz que quando são várias lhe alertando, aí tem, e está na hora de uma parada estratégica, a fim de profundas reflexões e mudanças efetivas de atitudes.

E confesso: estou cansada de perdas! Definitivamente, cansei de perder o que foi construído pelos meus avós, em seguida pelos meus pais, depois em uma relação de anos – e já me condenei demais por ter me permitido a isso – e outras e mais outras situações que não vem ao caso pormenorizá-las. Enfim, cansei! Quero e preciso virar essas páginas! É questão de merecimento! Se eu não me der esse direito, ninguém o dará!

Não sou de me lamentar. Tanto que descobri que o que me impede de prosseguir é, além do medo, o orgulho.

O medo, se bem dosado, faz bem, por uma questão de equilíbrio, de cautela. Em demasia, se torna uma trava, um grilhão, um peso insuportável.

O orgulho, em excesso, como tudo, afasta, repudia. Parece ascender, porém descende. E esse tem sido um defeito que tem me atrapalhado consideravelmente. Tenho que lidar com ele e reverter a realidade. Não quero que isso me pertença mais. Ao menos, da forma e na intensidade que tem se apresentado. Aqui, falta um equilíbrio.

Concluindo, tudo isso parece perda de tempo. Garanto que não é, não!

Afinal, todo renascimento é sinal de novos tempos, é começo – ou recomeço –, é um continuar de forma diferente – e, de preferência, melhor –, é um ressurgir, é um resgate intenso, é um resplandecer tal como o cheiro de orvalho, tal como o brilho do sol, tal como a luz da lua cheia, tal como a criança saudável que nos brinda intensamente quando chega a este mundo! E tem um sabor de vida inexplicável, que nos surpreende das formas mais inesperadas possíveis!

E é isso o que eu quero: uma nova mulher – intensa como sempre –, mas um ser humano renovado para mim e para vocês! E assim será! Estou certa disto!